22 julho 2012

estamos falidos


Há 25 anos diziam-me que tinha que estudar, ser doutora. Para para ser alguém. Para poder ganhar dinheiro. Para poder ter a minha casa. Ter o meu carro. Para poder casar. Para poder ter filhos. Ter uma família. Para poder ir passar férias à vontade. Para poder comprar as minhas coisas. A única coisa que me pediam era que estudasse, tivesse boas notas e fosse uma boa pessoa. Estudei. Nunca chumbei. Nunca tive negativas. O meu primeiro trabalho foi há 15 anos. Desde então nunca mais parei. Já tenho quase 30. Cumpri o que me pediram há 25 anos. Fiz tudo direitinho mas a recompensa não chega. Nem vai chegar. Não neste país que é de mentiras atrás de mentiras. Não há esperança num futuro melhor e isso é o pior que nos podem fazer. Vivemos um dia de cada vez e não fazemos planos. Não é isto o pior que pode haver? É. 
Vi há 10 minutos uma reportagem sobre o desemprego/emprego precário jovem. Vi que muitos de nós, que somos o motor de tudo isto, estão a ir-se embora. Deixaram de acreditar. Estão a deixar para trás as famílias, os amigos, o conforto da terra, as raízes, os lugares... a vida que em tempos nos prometeram que íamos ter. Deram-nos uma tarefa e nós cumprimos à risca. E nada. Nada aconteceu. Alguns dão graças a Deus por terem emprego mas quase todos apenas dão para comer e pouco mais. Estamos longe de ser a geração dos mil euros. Uma geração em crescimento não pode viver disto. Assim não fazemos nada andar para a frente. Não quero sair daqui. Não quero ter que dizer adeus às minhas pessoas sem saber quando os volto a ver. Não quero engravidar sem ter a minha mãe por perto. Mas o que vou dizer aos meus filhos? Que estudem para ser alguém? Qual o discurso motivador que se tem hoje em dia? Alguém sabe? Eu não...  A força de vontade esgota-se e a nossa está por um fio.

1 comentário:

Carol disse...

Infelizmente é tão verdade! Eu também não quero sair daqui, deixar os meus. Por outro lado estou a fazer planos par ao fazer daqui a uns 2, 3 anos, com esperança de que venha a ter uma vida mais desafogada.. enfim, não tenho solução para a tua pergunta, mas se encntrares partilha, sff!